--}}

Notícias / Releases

Limpeza das lagoas de Jacarepaguá e da Barra começa já no mês que vem

Limpeza das lagoas de Jacarepaguá e da Barra começa já no mês que vem

27 de novembro de 2021

Concessionária Iguá anuncia para dezembro o início da retirada do lixo e do lodo fino do complexo lagunar carioca
Selma Schmidt / O Globo

RIO — Sofás, colchões e pneus velhos fazem parte da paisagem, mas não deviam. Assim como garrafas PET e outros materiais descartados, flutuando ou contribuindo para elevar o assoreamento local. Na primeira entrevista após a Iguá vencer a licitação para operar serviços de água e esgoto do chamado bloco 2 (Barra, Jacarepaguá, Paty do Alferes e Miguel Pereira), o presidente da concessionária, Carlos Brandão, anuncia para dezembro o início da retirada do lixo e do lodo fino do complexo lagunar carioca agora aos seus cuidados. O trabalho vai começar pelo espelho d’água e as margens da Lagoa da Tijuca, campeã de níveis de poluição, especificamente na vizinhança da comunidade de Rio das Pedras.

Um dos compromissos que constam do contrato de concessão é a aplicação de R$ 250 milhões na despoluição das lagoas da Barra e de Jacarepaguá (Tijuca, Marapendi, Camorim e Jacarepaguá), num prazo de três anos. A Iguá dará o pontapé inicial com esta ação de limpeza, enquanto elabora e submete ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) o projeto para a remoção do lodo que está no fundo das lagoas e a melhoria da circulação da água.

Presidente da Câmara Comunitária da Barra, Delair Dumbrosck lembra que a promessa de despoluir as lagoas da região se arrasta há muito tempo:
— Prometeram para o Pan (2007), depois para a Olimpíada (2016). Espero que, agora, as intervenções ocorram. Cobramos, mas estamos aqui para colaborar no que for necessário. Nossas lagoas não são um patrimônio só de Barra e Jacarepaguá, mas de toda a cidade, porque muita gente vem aqui passear.

Mão de obra local
Desde agosto, a Iguá trabalha em operação assistida com a Cedae. Deve assumir plenamente o serviço em 8 de fevereiro de 2022, quando entregará ao estado um cronograma das intervenções que serão feitas ao longo dos 35 anos de contrato. Em agosto do ano que vem, todos os projetos detalhados — incluindo aqueles para a ampliação das redes de água e esgoto — precisam ser apresentados. Para a operação no Rio, a Iguá terá 700 pessoas empregadas diretamente, número que não inclui os envolvidos nas obras feitas por terceirizados.

Ainda em dezembro, em paralelo à limpeza da Lagoa da Tijuca, outra iniciativa estará em curso: a criação de um berçário para a preparação de 50 mil mudas que serão usadas na revitalização dos manguezais. A assessoria técnica é do biólogo Mário Moscatelli, conhecedor das características locais e responsável por projeto semelhante desenvolvido às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas.

— O primeiro impacto será com o trabalho dos manguezais e a limpeza das lagoas, para tentar minimizar riscos de extravasamentos ou de inundações nesse período de verão, de chuvas intensas — explica Brandão. — Esse projeto, contudo, não pode ser visto isoladamente, mas em conjunto com as soluções de coleta e tratamento do esgotamento sanitário, em especial naquelas comunidades que ficam em frente às lagoas. Se fizermos um grande esforço de desassoreamento, mas os lançamentos de esgoto continuarem acontecendo, acaba virando iniciativa de enxugar gelo.

Nesse sentido, busca-se uma boa relação com as comunidades da região. Tanto para garantir que as obras sejam executadas com tranquilidade como para combater a prática de se despejar lixo no lugar errado. Duas estratégias no horizonte são a contratação de mão de obra local e trabalhos de educação ambiental.

— É importante nos aproximarmos das lideranças e trazer pessoas das comunidades para trabalhar no nosso time. Queremos plantar uma semente e fazê-la germinar, para que em médio e longo prazos possamos ter uma transformação brutal na região — ressalta Brandão.

103 comunidades
No reconhecimento do terreno, a empresa mapeou 103 comunidades, 70% delas não urbanizadas, e, agora, está elaborando projetos de saneamento para cada uma.

— A infraestrutura de esgotamento sanitário nessas comunidades é muito precária. Em Rio das Pedras, por exemplo, são cerca de 60 mil domicílios lançando esgoto in natura na Lagoa da Tijuca — destaca Paula Violante, diretora de Engenharia da Iguá. — As alternativas vão depender do relevo de cada comunidade. Uma das opções é a captação de tempo seco, um canal para esgoto e água de chuva que direciona o material a uma elevatória. De lá, o conteúdo é bombeado para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Barra. Outra opção é construir uma galeria de cintura em volta da comunidade.

Por contrato, a concessionária tem que investir R$ 2 bilhões — incluindo os R$ 250 milhões destinados às lagoas, valor que poderá ser ampliado através de parcerias com empresas. Entre os seus compromissos está, em 12 anos, aumentar de 67% para 90% o percentual de esgoto tratado na Baixada de Jacarepaguá, e de 94,5% para 99% o abastecimento de água.

Na ala dos investimentos previstos figuram melhorias das mais de cem elevatórias de água e esgoto na região e da ETE Barra. Com boa parte dos imóveis não interligados ao sistema e algumas elevatórias em estado precário, a ETE trata apenas 1.500 litros por segundo de esgoto, embora sua capacidade seja para 2.500l/s.

Cedae ainda trata a água
Obras e serviços à parte, com a virada da chave em 8 de fevereiro, a Iguá promete mudanças imediatas para os clientes.

— A fatura será diferente. Nossos canais de atendimento também: serão digitais e funcionarão 24 horas nos sete dias da semana. Estamos reformando as lojas e investindo nas placas dos medidores, que serão inteligentes — conta Brandão.

Haverá lojas nos bairros da Barra e de Jacarepaguá, além das cidades de Miguel Pereira e Paty do Alferes. No Rio, a captação e o tratamento da água continuarão sob a responsabilidade da Cedae. Já em Miguel Pereira e Paty do Alferes, a Iguá fará o ciclo completo do saneamento básico, com captação, tratamento e distribuição de água tratada, assim como os serviços de esgotamento sanitário. O diagnóstico dos sistemas está sendo levantado e, para Paty do Alferes, um Plano de Segurança Hídrica, em definição, busca alternativas para o abastecimento de água em momentos de escassez.



A matéria acima também foi publicada na versão online. Link para acesso: https://oglobo.globo.com/um-so-planeta/limpeza-das-lagoas-de-jacarepagua-da-barra-comeca-ja-no-mes-que-vem-25295040


voltar