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Limpeza das lagoas e mais parceria com os clientes: nova concessionária de água e esgoto da Barra toma primeiras medidas

Limpeza das lagoas e mais parceria com os clientes: nova concessionária de água e esgoto da Barra toma primeiras medidas

23 de January de 2022

Operando com a Cedae, Iguá Saneamento assumirá serviços plenamente em fevereiro. Operando com a Cedae, Iguá Saneamento assumirá serviços plenamente em fevereiro. Empresa tem três anos para despoluir sistema lagunar e 12 para ampliar serviços

Madson Gama/O Globo Barra

RIO — Em operação assistida com a Cedae desde agosto de 2021, a Iguá Saneamento, concessionária cuja área de atuação inclui Barra da Tijuca e Jacarepaguá, está prestes a assumir plenamente a distribuição de água e a coleta e o tratamento de esgoto na região. Prevista para fevereiro, a virada de chave promete, além da universalização dos serviços e um atendimento mais eficiente aos consumidores, solucionar problemas ambientais que, há décadas, afetam essa parte da cidade, como a poluição do complexo lagunar. Para isso, a empresa já começou a atuar e ainda terá muito trabalho pela frente.

Um dos compromissos contratuais da concessão é a aplicação de R$ 250 milhões na revitalização das lagoas da Barra e de Jacarepaguá, e o pontapé inicial da Iguá em torno dessa meta foi dado em dezembro, quando a empresa começou os trabalhos de cercamento das margens da Lagoa do Camorim, para evitar que o lixo presente no curso d’água penetre nas áreas de manguezal, e de retirada dos resíduos sólidos existentes no local.

Segundo a concessionária, em um pequeno trecho de cem metros foram recolhidos 76 sacos de lixo de 200 litros, o equivalente a 15 toneladas de resíduos, incluindo embalagens plásticas, brinquedos, fraldas descartáveis, restos de ventilador, cadeira, sofá, caixotes de madeira, garrafas e objetos de uso pessoal.

— A escolha da Lagoa do Camorim como início das ações se deve ao fato de ela ser um importante corredor ecológico entre o Maciço da Tijuca e a Pedra Branca, no qual circulam diversas espécies de animais que são obrigados a sobreviver no meio do lixo descartado inadequadamente — explica Carlos Brandão, presidente da empresa.

A Iguá lembra que o projeto de despoluição do complexo lagunar tem três anos para ser executado a partir da obtenção do licenciamento por parte dos órgãos ambientais. Já a ampliação do abastecimento de água e do tratamento de esgoto nas áreas irregulares deve ser feita em até 12 anos. Mais de cem comunidades passarão a ser atendidas pela empresa, entre elas Rio das Pedras e Cidade de Deus.

Outra ação em andamento é o ensacamento de terra para o plantio de sementes que darão origem a um viveiro com 50 mil mudas de mangue a ser construído numa extensão de cinco quilômetro às margens das lagoas despoluídas este ano. Consultor da Iguá, o biólogo Mario Moscatelli afirma que já há mais de dez mil sacos preparados e que, até o fim do mês, deve começar o cultivo das espécies.

— O plantio do manguezal tem como objetivo incrementar a biodiversidade no sistema lagunar e utilizar uma das importantes funções dos mangues, que é atuar como um filtro natural na água e no ar: ele absorve nitrogênio e fósforo, abundantes nas águas contaminadas por esgoto, e incorpora-os como nutrientes nas folhas e nas raízes, além de sequestrar gás carbônico. Por isso, essas espécies crescem de forma extremamente rápida. Em 2030, teremos uma floresta com altura de seis a oito metros — prevê.

A concessionária também já realizou um trabalho de campo, mobilizando técnicos operacionais e engenheiros para instalar medidores de pressão em diferentes pontos da rede de abastecimento de água. O objetivo é verificar os locais que sofrem com problemas no fornecimento, o que subsidiará ações para sanar instabilidades e deficiências do sistema. Os equipamentos transmitem informações on-line para a empresa. De acordo com a Iguá, mais de 250 aparelhos já foram instalados, e até o início da operação haverá mais de mil em funcionamento.

Em fevereiro, quando assumirá integralmente o abastecimento de água e o esgotamento sanitário na região, a Iguá dará início a projetos de maior complexidade, como a ampliação dos serviços de água e a instalação de coletores de tempo seco para melhorar o sistema de esgotamento sanitário. Estes coletores são responsáveis pela interceptação de esgoto nas tubulações que deságuam nas lagoas, evitando parcialmente seu despejo in natura nessas águas. Os rejeitos coletados serão conduzidos à Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Barra da Tijuca.

— Além disso, faremos projetos de educação socioambiental junto à população, cujos objetivos são a sensibilização e a conscientização sobre temas referentes à preservação do complexo lagunar e ao consumo responsável de recursos naturais. Também vamos ressaltar a importância da colaboração da população para o bom funcionamento do sistema de esgotamento sanitário— diz Brandão.

Principal unidade operacional a ser gerida pela Iguá no Rio, a ETE da Barra, por sua vez, terá melhorias. Segundo a empresa, equipes técnicas foram capacitadas para executar diferentes atividades, e trocas de conhecimento têm sido feitas com a Cedae. A modernização da estação incluirá a instalação de um Centro de Controle Operacional, que vai receber informações de todas as elevatórias de água e esgoto da região, com monitoramento on-line do sistema 24 horas por dia.

A Iguá contará com cerca de 700 colaboradores diretos. Ao longo da execução das obras, após a fase de projetos e licenciamento, esse número aumentará, com a contratação das empresas terceirizadas que executarão as obras de melhorias e expansão do sistema.

Atendimento digitalizado
A Iguá Saneamento foi escolhida para gerir o fornecimento de água e o esgotamento sanitário na região após vencer o leilão promovido pela Cedae em abril do ano passado, quando as áreas geográficas de atuação da companhia foram divididas em quatro blocos, cada um abrangendo uma parte da capital e um conjunto de municípios. A empresa conquistou a concessão, por 35 anos, do bloco 2, que compreende bairros como Barra da Tijuca, Camorim, Cidade de Deus, Curicica, Freguesia, Gardênia Azul, Anil, Grumari, Itanhangá, Jacarepaguá, Joá, Pechincha, Recreio, Tanque, Taquara, Vargem Grande e Vargem Pequena. A captação e o tratamento da água, feitos na Estação de Tratamento de Água do Guandu, continuarão a cargo da Cedae.

Para melhorar os serviços, motivo de queixas hoje, a Iguá investe no atendimento aos consumidores. Os serviços de suporte ao cliente terão canais digitais que funcionarão 24 horas, todos os dias. Questões relacionadas à emissão de segunda via de conta e principais dúvidas, por exemplo, poderão ser resolvidas por WhatsApp ou telefone. Já o pagamento e o acompanhamento das faturas poderão ser feitos pelo aplicativo Digi Iguá.

As lojas de atendimento presencial na Barra e em Jacarepaguá estão sendo modernizadas. A instalação de um sistema de senhas que permitirá visualizar o tempo de espera é uma das mudanças.

No momento, a empresa está recadastrando os clientes, com a atualização de contatos e outros dados. E busca estreitar o relacionamento com grandes consumidores, como os condomínios residenciais, que foram reunidos no programa Iguá+, com canal exclusivo de atendimento. Presidente da Câmara Comunitária da Barra da Tijuca, Delair Dumbrosck conta que representantes dos condomínios já têm se encontrado com os da empresa.

— Estamos tendo reuniões com o pessoal da Iguá constantemente. A empresa já fez dois plantões na Câmara Comunitária para receber os condomínios e saber quais são suas demandas: se há algum problema com a Cedae que não foi resolvido, se existe alguma reclamação sobre o fornecimento. É para eles poderem traçar um programa de atendimento personalizado para os grandes clientes. Sabemos que tem muita coisa para fazer, porque a Cedae não atendia os consumidores plenamente. A esperança é que a mudança traga melhorias para nós, garantindo qualidade no serviço — explica.

A boa expectativa em relação à melhora dos serviços de água e esgoto é compartilhada por Mario Moscatelli no que concerne ao aspecto ambiental. O biólogo, que desde 1992 acompanha a situação do complexo lagunar de Jacarepaguá, afirma que não via outra solução para as mazelas do sistema:

— Quando comparamos o cenário de 30 anos atrás e o de agora, percebemos que os problemas se agravaram de forma inimaginável, sobretudo no que se refere à contaminação e ao assoreamento das lagoas. Com toda certeza, se tudo que está previsto for executado, num prazo de 15 anos nós poderemos mudar o atual quadro e ter, no sistema lagunar da Baixada de Jacarepaguá, o desenvolvimento de atividades econômicas diretamente relacionadas aos recursos naturais, que nos últimos 40 anos não foram considerados estratégicos. Entre elas, ecoturismo, pesca esportiva, lazer e esportes náuticos. Tudo isso ficou inviabilizado pela degradação da natureza.

A Cedae afirma que vem prestando todo o apoio à Iguá durante a operação assistida, fornecendo informações sobre a rede e os sistemas de água e esgoto e oferecendo assessoria técnica em todas as unidades da área de concessão. Informa que equipes da concessionária acompanham seus técnicos em atividades externas, para adquirirem maior familiaridade com os serviços de operação e manutenção das redes de água e esgoto, e que compartilha com a Iguá as informações sobre projetos e obras em andamento.

— Hoje, o processo está amadurecido, haja vista a experiência adquirida na transição dos blocos 1 e 4. Vamos contribuir para que a população da Barra e região receba os novos prestadores de serviços sem sobressaltos — garante Leonardo Soares, presidente da Cedae.





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